O Digitalia|2019, que nesta terceira edição teve o tema “Da Tropicália à Digitalia: a cultura no Brasil disruptivo”, levou cerca de 4 mil pessoas à Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), na noite deste domingo (03), em Salvador. Pessoas de diversos gostos e idades lotaram o espaço para conferir a DESconferência com Gilberto Gil, Russo Passapusso (BaianaSystem), Dríade Aguar (Mídia Ninja), Sergio Amadeu (UFABC), André Lemos (UFBA) e Messias Bandeira, que debateram aspectos da cultura digital no país. A abertura ficou por conta do VJ Gabiru e o projeto Ludotecnia. (Foto: Rafael Vilela)

O cantor e compositor Gilberto Gil, um dos personagens principais do movimento tropicalista e que também já foi Ministro da Cultura, enfatizou como enxerga o cenário atual da influência da internet no país e destacou que a sociedade precisa seguir pensando no comportamento no presente para mensurar o futuro. “A continuidade da luta é o próprio sentido da história”, disse. E completou: “É como se tivéssemos aberto a porta do inferno, mas essas portas sempre estiveram abertas”, refletiu sobre o contexto político nacional. E finalizou: cantando “minha ideologia é nascer cada dia. E a minha religião é a luz da escuridão”.

O professor e pesquisador André Lemos destacou que precisamos estar atentos à performance dos algoritmos e como irá “nos afetar sempre, para fins mercadológicos e cognitivos”. “Agora as pessoas vão ficar em bolhas. Precisamos ir da Digitalia à Tropicália”, destacou, ao falar sobre a importância de olhar as referências culturais do passado. “O nosso desafio foi sempre um movimento de luta. Estamos em momento similar. Uma onda conservadora muito grande. Precisamos resgatar esse espírito e injetar esse espírito na internet”.

Messias Bandeira, responsável pela realização do Digitália, fez a mediação do diálogo, relembrando, por exemplo, a importância do marco civil da internet e “como parece que voltamos ao básico”. “Há avanços no campo da cultura e de repente se apaga. É preciso ter memória desse país. E esse momento tem ligação com o legado de Gil e tudo que foi pensado para o Brasil nestes últimos anos”. A noite de celebração do Digitalia 2019 contou ainda com shows da orquestra de cumbia Sonora Amaralina, Edgar (com participação de Russo Passapusso) e a banda baiana Afrocidade, que finalizou as apresentações e deixou o público eufórico.

De 30 de Janeiro a 03 de Fevereiro o Digitália promoveu workshops, debates, exposição, shows e diálogos sobre cultura. Foram cerca de 900 pessoas inscritas para as atividades com entrega de certificado. A iniciativa financiada pelo Governo do Estado da Bahia, através Fundo de Cultura, Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, teve festival, congresso e observatório internacional de música, ocupando o Instituto Goethe, na Vitória, o Largo Pedro Archanjo, no Pelourinho, o Mercadão C.C, no Rio Vermelho e a Concha Acústica do TCA, no Campo Grande.

Shows – “Isso aqui é uma conexão total com os ancestrais. Vir para a Bahia é uma missão de reconexão com as minhas raízes e com a africanidade em si”, ressalta a DJ Brasiliense Odara Kadiegi, que mora em São Paulo e foi convidada para tocar na Pedro Arcanjo. A cantora Lívia Nery, uma da referências da nova geração de artistas baianos, destaca que o Digitalia é importante “por ser idealizado por cabeças que de fato pensam a relação da música com a tecnologia e com o mundo digital”. “É muito genuína. E vem de uma vontade de debater e expandir o debate ao âmbito universitário e acadêmico para a fruição e consumo da música”.

Doações de livros – Cerca de 3 mil livros foram arrecadados pelo Digitalia 2019. As pessoas interessadas em assistir à DESconferência tiveram de trocar livros com temática infantis ou juvenis por ingressos. Todo o material será distribuído para bibliotecas de comunidades de Salvador, nos bairros da Liberdade, Calabar e Alto de Coutos.

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